"À margem do que se possa aparecer"

"À margem do que se possa aparecer"
Vida de gado, Zé Ramalho

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

POR DENTRO DO CINE SANTA TEREZA


      
Intervalo da sessão
        Quem caminha pelo Santa Tereza, bairro da região Leste, não tem problemas para encontrar o edifício próximo a praça Duque de Caxias. Isto porque todos os transeuntes sabem  informar como chegar até lá. A pergunta, entretanto, pode soar estranha ou ficar sem resposta quando se pede detalhes da sala aos moradores, já que Cine Santa Tereza, “único cinema que não virou shopping em Belo Horizonte” segundo o cinéfilo Pedro Lima, foi desativado em 1980, e só é reaberto durante os cinco dias de Mostra CineBH.
        Fundado em 1944, o prédio foi entreaberto provisoriamente pela Universo Produção para a exibição de filmes nacionais e estrangeiros. Em uma conversa entre uma sessão e outra, a dona de casa Ângela Dias conta que já frequentou o lugar quando ali funcionava uma boate. “Vinha quando era uma casa de shows, mas para assistir filmes é a primeira vez”, diz na fila da ficção “A cópia fiel”, filme de Abbas Kiarostami que tem Juliette Binoche no elenco e foi exibido no sábado às 22h.
       A média de quatro filmes por dia é um desafio a todos, já que a o Cine Santa Tereza não tem rede elétrica, nem iluminação própria. Dias antes do festival uma estrutura é montada pelos técnicos da produtora. No esquema, estão metros e metros de fios para o projetor, aparelhos de ar-condicionado e cadeiras. O tecido preto cobre quase todo o cinema, que tem os muros com pintura já gasta. Quem olha para o lugar em dia de festival não imagina que  a boa acomodação oferecida ao público  não esteja presente na área restrita aos espectadores. Subindo as escadas, é possível encontrar pedaços de madeira, pó e escuridão.                  
     Com lotação para 500 lugares, há plateias que enchem as salas ou podem ocupar ¼ de sua capacidade. Muitos filmes são abandonados na metade, mas para o critico de cinema, Cleber Eduardo, é uma reação comum, isto porque a mostra de cinema não tem como obrigação exibir filmes fáceis de serem digeridos. Para o público que estuda  ou aprecia cinema, existem as oficinas de audiovisual e debates, que estão voltados à discussão de significados e produção de filmes. A estudante de artes visuais Aline Mota  que não conseguiu se inscrever a tempo para a atividade, diz acreditar na importância social do Cine Santa Tereza, mas não acredita na abertura do cinema além dos cinco dias previstos. "Para abrirem este espaço seria preciso investir muito dinheiro e divulgarem bastante", explica.
Exibição no Cine Santa Tereza
 Em 2007, o projeto de restauração do Cine Santa Tereza concorria com outras obras da região a recursos do Orçamento Participativo Digital (OPD) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A proposta para transformação do Cine Santa Tereza em centro cultural, na época, tinha superado a fase de desapropriação do imóvel, havendo a indicação do Conselho do Patrimônio Municipal para o tombamento. Estava previsto que projeto passaria por licitação e que incluiria adaptações no edifício e construção de biblioteca, cinema, teatro, café, além de espaço para eventos.

Cinema minutos antes da exibição de "A Cópia Fiel"

Fachada do Cinema


Interior do Cine Santa Tereza
Público confere a programação do CineBH

 Fotos: Rebeca Penido e Laura Zschaber

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O SONHO ACABOU(?)


          Donada. Foi assim que os alunos do prédio 13 ficaram sabendo que o informativo mensal deixaria de circular. Deixado na mesa da biblioteca, nos corredores ou repassado depois de lido, desde o começo do semestre a Nonada não circula mais pela universidade.  A última edição está datada com os meses de janeiro, fevereiro e março. Deste então, nenhuma explicação a respeito. Pelos burburinhos dos corredores, muitos ficaram sabendo e outros nem sentiram falta da dita cuja.
Nonada: Is this the end?
    O estudante de Comunicação Social, Carlos Henrique Pinheiro, mais conhecido como Caíque conta que quando soube do término da revista ficou decepcionado, “Fui perguntar para o professor Haroldo [Marques, editor] porque não conseguia encontrar a Nonada, isto porque um dos lemas da revista é 'quem procura tem preferência' ", relata. Entre os órfãos da revista, estão o estudante Guilherme Reis e a estudante Paula Motta que gostava de ler o informativo e acredita que o periódico tinha uma boa qualidade. "O design era  interessante e a gente podia fazer coleção." Isto porque cada Nonada é diferente da outra e podem até conversar entre si. 
   A Nonada é custeada pelo dinheiro da própria PUC e tem como objetivo  estimular e contribuir para a formação de seus leitores. Se o seu fim não é dado como certo, ao menos pode-se dizer que  a incerteza frusta muitos de seus apreciadores. "Estava acostumado a encotrar o meu exemplar na biblioteca", conta o estudante Guiherme. Responsável pela Secretaria de Assuntos Comunitários da Universidade, o professor Bonifácio Teixeira disse que a “Pérolas para poucos” nunca deixou de circular. O que houve de fato, segundo explicação, foi um hiato para replanejar a revista quanto à tiragem, já que muita gente deseja ler a revista. Surpreso com a resposta, o editor da Nonada, Haroldo Marques garantiu que tem projeto pronto para a próxima edição impressa e que caso a indefinição continue, a pubicação pode migrar para o online, fim comum para muitas publicações.


Para cantar junto a "ausência" do Nonada, clique aqui.

Lembrete:
No dia 9, comemora-se o 70º aniversário de John Lennon

Mais:
Na falta de uma, tem outra Nonada - esta dedicada ao Jornalismo.