Quem caminha pelo Santa Tereza, bairro da região Leste, não tem problemas para encontrar o edifício próximo a praça Duque de Caxias. Isto porque todos os transeuntes sabem informar como chegar até lá. A pergunta, entretanto, pode soar estranha ou ficar sem resposta quando se pede detalhes da sala aos moradores, já que Cine Santa Tereza, “único cinema que não virou shopping em Belo Horizonte” segundo o cinéfilo Pedro Lima, foi desativado em 1980, e só é reaberto durante os cinco dias de Mostra CineBH.
Fundado em 1944, o prédio foi entreaberto provisoriamente pela Universo Produção para a exibição de filmes nacionais e estrangeiros. Em uma conversa entre uma sessão e outra, a dona de casa Ângela Dias conta que já frequentou o lugar quando ali funcionava uma boate. “Vinha quando era uma casa de shows, mas para assistir filmes é a primeira vez”, diz na fila da ficção “A cópia fiel”, filme de Abbas Kiarostami que tem Juliette Binoche no elenco e foi exibido no sábado às 22h.
A média de quatro filmes por dia é um desafio a todos, já que a o Cine Santa Tereza não tem rede elétrica, nem iluminação própria. Dias antes do festival uma estrutura é montada pelos técnicos da produtora. No esquema, estão metros e metros de fios para o projetor, aparelhos de ar-condicionado e cadeiras. O tecido preto cobre quase todo o cinema, que tem os muros com pintura já gasta. Quem olha para o lugar em dia de festival não imagina que a boa acomodação oferecida ao público não esteja presente na área restrita aos espectadores. Subindo as escadas, é possível encontrar pedaços de madeira, pó e escuridão.
Com lotação para 500 lugares, há plateias que enchem as salas ou podem ocupar ¼ de sua capacidade. Muitos filmes são abandonados na metade, mas para o critico de cinema, Cleber Eduardo, é uma reação comum, isto porque a mostra de cinema não tem como obrigação exibir filmes fáceis de serem digeridos. Para o público que estuda ou aprecia cinema, existem as oficinas de audiovisual e debates, que estão voltados à discussão de significados e produção de filmes. A estudante de artes visuais Aline Mota que não conseguiu se inscrever a tempo para a atividade, diz acreditar na importância social do Cine Santa Tereza, mas não acredita na abertura do cinema além dos cinco dias previstos. "Para abrirem este espaço seria preciso investir muito dinheiro e divulgarem bastante", explica.
Exibição no Cine Santa Tereza
Em 2007, o projeto de restauração do Cine Santa Tereza concorria com outras obras da região a recursos do Orçamento Participativo Digital (OPD) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A proposta para transformação do Cine Santa Tereza em centro cultural, na época, tinha superado a fase de desapropriação do imóvel, havendo a indicação do Conselho do Patrimônio Municipal para o tombamento. Estava previsto que projeto passaria por licitação e que incluiria adaptações no edifício e construção de biblioteca, cinema, teatro, café, além de espaço para eventos.
Cinema minutos antes da exibição de "A Cópia Fiel"
Donada. Foi assim que os alunos do prédio 13 ficaram sabendo que o informativo mensal deixaria de circular. Deixado na mesa da biblioteca, nos corredores ou repassado depois de lido, desde o começo do semestre a Nonada não circula mais pela universidade. A última edição está datada com os meses de janeiro, fevereiro e março. Deste então, nenhuma explicação a respeito. Pelos burburinhos dos corredores, muitos ficaram sabendo e outros nem sentiram falta da dita cuja.
Nonada: Is this the end?
O estudante de Comunicação Social, Carlos Henrique Pinheiro, mais conhecido como Caíque conta que quando soube do término da revista ficou decepcionado, “Fui perguntar para o professor Haroldo [Marques, editor] porque não conseguia encontrar a Nonada, isto porque um dos lemas da revista é 'quem procura tem preferência' ", relata. Entre os órfãos da revista, estão o estudante Guilherme Reis e a estudante Paula Motta que gostava de ler o informativo e acredita que o periódico tinha uma boa qualidade. "O design era interessante e a gente podia fazer coleção." Isto porque cada Nonada é diferente da outra e podem até conversar entre si.
A Nonada é custeada pelo dinheiro da própria PUC e tem como objetivo estimular e contribuir para a formação de seus leitores. Se o seu fim não é dado como certo, ao menos pode-se dizer que a incerteza frusta muitos de seus apreciadores. "Estava acostumado a encotrar o meu exemplar na biblioteca", conta o estudante Guiherme. Responsável pela Secretaria de Assuntos Comunitários da Universidade, o professor Bonifácio Teixeira disse que a “Pérolas para poucos” nunca deixou de circular. O que houve de fato, segundo explicação, foi um hiato para replanejar a revista quanto à tiragem, já que muita gente deseja ler a revista. Surpreso com a resposta, o editor da Nonada, Haroldo Marques garantiu que tem projeto pronto para a próxima edição impressa e que caso a indefinição continue, a pubicação pode migrar para o online, fim comum para muitas publicações.
Para cantar junto a "ausência" do Nonada, cliqueaqui.
Lembrete:
No dia 9, comemora-se o 70º aniversário de John Lennon
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Na falta de uma, tem outra Nonada - esta dedicada ao Jornalismo.