Último post de uma série de cinco, este é uma despedida. Como não poderia deixar de ser, com a ajuda de “uns camaradinhas” decidi fazer um texto sobre obras e artistas que contribuem para a marginalidade, famosos ou não tão famosos. Foi uma escolha difícil, e muitos ficaram de fora. A ideia agora é que cada um faça a sua lista.
"Classifica-se como pode, mas classifica-se" (O Pensamento Selvagem, de Lévi-Strauss)
La MarginElite
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Colagem - Rebeca Penido |
1+1) O Bandido da Luz Vermelha: Por seu estilo debochado e cínico, este filme é considerado um dos marcos do Cinema Marginal ou Marginalizado, expressão mais adequada para o ex-diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, Cosme Alves Netto. Vale lembrar que o bandido realmente existiu. Seu nome era João Acácio Pereira da Costa (1942-1998) e trazia sempre consigo uma lanterna vermelha. "Acredito que apesar dos 42 anos passados, este filme ainda não tenha perdido a força e a crítica social", conta o designer Gabriel Vieira. Sinopse do filme: De marginal Sobre marginal.
3) Helena Ignez: Sobre essa baiana, meu amigo Leonardo Freitas, cinéfilo inveterado formado no Cine Humberto Mauro, e eu concordamos, é a musa do Cinema Marginal. A mulher de todos (1969), filme de Sganzerla, seu marido, é um dos melhores da carreira da atriz. Neste longa, assume a posição de mulher debochada, independente e livre, pois todos os homens são uns boçais. Aliás, mulher de todos para ela deveria ser apelido.
4) Larry Clark: Martin Scorsese o cita como inspiração para o clássico Taxi Driver e Francis Coppola também paga tributo a ele, como inspirador de O Selvagem da Motocicleta. O fotógrafo e cineasta dirigiu Kids, que o fez ser conhecido também fora dos Estados Unidos. O filme mostra o dia a dia de um grupo de adolescentes novaiorquinos nos anos 90. Sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Paris tem acirrado os ânimos da sociedade francesa. Essa foi a dica de Felipe Saldanha, estudante de Artes Visuais.
C1n(O) Antonioni: Um dos responsáveis pelas renovações formais experimentadas pelo cinema na virada dos 50 para os 60, Antonioni desenvolve o olhar em seus filmes, retratando uma burguesia ociosa perdida em suas futilidades. É também conhecido como o cineasta da incomunicabilidade, da dificuldade de viver. Durante muito tempos seus filmes foram deixados em segundo plano porque eram difíceis de serem entendidos. Com o tempo perceberam que ele merecia um Blow up¹ ².
9) O Marginal (Cd): Se Elis Regina uma vez disse que “ser artista no Brasil é matar um leão por dia”, Cássia Eller os chamou para a ação “Não amarga marginal defende o seu pão no pau”. Música e título do segundo álbum da cantora, lançado em 1992. Outra vez, uma contribuição do meu amigo Saldanha.
7) Poema ‘Cloaca’: Décio Pignatari colocou a Coca-Cola e a Cloaca em pé de igualdade. Preciso dizer mais?!
Paulo Leminski: O faixa preta de judô era também poeta marginal, e dos bons. Marginal neste caso, porque os poemas não circulavam nos meios tradicionais como as livrarias e editoras. Ao invés disso, eram mimeografados ou xerocados e vendidos pelo autor. Os poemas de Leminski eram instigantes e carregados coloquialidade e objetividade, isto em plena ditadura. Tradutor de John Lennon, Samuel Becktett e James Joyce, fez letras para as canções de Caetano, em A Cor do Som. Foi ele quem sentenciou uma vez: “Essa idéia ninguém me tira matéria é mentira”. (do livro La Vie em Close)
¹ Blow up: Filme de Antonioni
² Técnica fotográfica que consiste em ampliar um detalhe, destacando-o.
¹ Blow up: Filme de Antonioni
² Técnica fotográfica que consiste em ampliar um detalhe, destacando-o.