"À margem do que se possa aparecer"

"À margem do que se possa aparecer"
Vida de gado, Zé Ramalho

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PUBLICAM-SE LIVROS

Che Guevara lendo Roubada Americana. Sacou?!
    Desde que começou a escrever, aos nove anos de idade, Isabella Sousa sonha em publicar um livro de contos e poesias que versam sobre a sua adolescência. “Nunca pude lançá-lo porque não tenho dinheiro para isto. Publicar é muito caro.” A menina de 14 anos que ainda não tem fundos para bancar o projeto, assina seus textos em um fórum com amigos na internet, mantêm suas postagens regularmente e garante já possuir leitores cativos de seus textos.
      Se para Isabella, a publicação de livros é a realização de um sonho, outros autores conseguiram materializá-lo por meio de empréstimos ou com o dinheiro do próprio bolso. Algumas gráficas em Belo Horizonte apresentam em sua lista de serviços a publicação de livros de autores sem vínculos às editoras, como o caso da gráfica Belo Horizonte que publicou as quatro últimas edições de “Meu Coração Bate do Lado Direito” do estudante Vicente de Paula Júnior. Depois de conviver 31 anos com o diagnóstico de uma doença rara chamada Situs inversus totalis, este mineiro de Montes Claros, no Norte de Minas, decidiu compartilhar sua visão com desconhecidos a respeito de ter todos os órgãos do corpo funcionando do lado contrário.
    Escritor há cinco anos, Vicente de Paula diz que não encontrou dificuldades em publicar seu livro. O processo segundo ele foi bem simples. Primeiro, apresentou os rascunhos na Imprensa Oficial de Minas Gerais e depois contratou os serviços da gráfica. Com 7.500 exemplares vendidos, Vicente distribui os livros em restaurantes pela cidade e pretende comemorar a marca dos 8.000 livros vendidos.
    Tão importante quanto a publicação, a distribuição também é complicada para estes autores. Fazer o livro chegar às mãos do leitor de acordo com o jornalista Luiz Antônio Cabral é difícil. Autor de um livro de memórias sobre uma viagem de intercâmbio aos Estados Unidos, o seu “Roubada Americana” é vendido principalmente para os amigos e familiares. Ele conta que deixou alguns exemplares para serem vendidos por consignação, mas que desde que os entregou à livraria, nunca mais voltou para buscar o valor arrecadado.
    Como na indústria fonográfica, que embora tenha democratizado suas ferramentas, mas ainda necessita de alguém de peso para bancar o projeto, a indústria editorial movimenta bilhões por ano. Só em 2009 foram cerca de quatro milhões de reais segundo pesquisa patrocinada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Há projeções de crescimento significativo, pois o estudo compara que entre os anos de 2008 e 2009, o mercado cresceu 2,13%. Deste montante, a maioria são os livros didáticos e as chamadas obras gerais, isto é, de literatura.
    Aos 36 anos, Vicente planeja lançar mais dois livros, um de romance e outro destinado a motivar as pessoas, de auto-ajuda. Para ele, a inspiração de escrever vem do desejo de levar as pessoas a ter novos conhecimentos por meio da leitura de um texto seu. Aliás, fazer o livro chegar às mãos de outros é sentimento comum entre todos os autores, dos sem editora até os respeitáveis participantes da FLIP.

5 comentários:

  1. cara, Rebeca. Dizer que a menina prodígio sobrevive da mesada que recebe dos pais me pareceu muito sofrido! COITADA DA MENINA! SOBREVIVE DA MESADA DOS PAIS! Subentende-se que ela é baixa, mas e se for multi numérica?

    AINDA ASSIM! E O AMOR? hahaha...
    É bom dar atenção a essas expressões que podem soar genéricas.

    Gosto da imagem no topo da página, ainda que não tenha entendido o que a Dilma e um membro estranho da Ku Klux Klan estão fazendo ali.

    beijos!

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  2. O tema é muito bom Rebeca! Sinto falta de uma foto do Vicente, grande personagem da matéria. Cuidado ao colocar números muito extensos para o leitor-internauta absorver, pode ser difícil para ele. No final, explique para o leitor-internauta o que é FLIP - didatismo é crucial em jornalismo. Quero muito ler os próximos posts dentro desse tema, que é bem pertinente e interessante... Um abraço,
    Thiago S.

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